Por Ana Machado
Toda terça-feira, nós iremos resgatar um pouco da história da música e da fotografia.
Para hoje, eu deveria escrever sobre o surgimento da fotografia. Mas, sinto que devo quebrar essa regra para falar sobre um projeto muito bacana que vem acontecendo em Belo Horizonte desde 2004: o Foto em Pauta. Aberto ao público em geral, a entrada é franca. O objetivo é trazer figuras importantes da produção fotográfica brasileira e possibilitar, não somente que o público conheça a obra do fotógrafo, mas também que tenha a oportunidade de dialogar com os artistas.
Grandes nomes já passaram pelo Foto em Pauta, mas no dia 19 de agosto, recebemos o fotógrafo Pio Figueroa. Ele fundou o Cia de Fotos, um coletivo baseado em São Paulo. Em seus trabalhos, o Cia de Fotos questionam o entendimento das fotos e o espaço das imagens.
Por que é importante ressaltar esse coletivo?
Tirando os trabalhos formidáveis que o Cia de Fotos vem fazendo, a palestra de Pio Figueiroa, atentou-me para questões interessantes. Das mais simples, como a possibilidade de um ângulo mudar totalmente a foto até assuntos mais complexos como a possibilidade de um vídeo ou som serem considerados fotografia também. Infelizmente não é possível retratar tudo em apenas um post. Mas, em outras oportunidades, voltarei em alguns exemplos por ele citado.
Para hoje, gostaria de destacar diferenciais importantes na vida de um fotógrafo. Temos, atualmente, muitos fotógrafos no mercado. E o que os diferencia? Atitudes como: Pesquisa, inovação e ousadia.
A fotografia é algo minucioso, é preciso enxergar além do que se pode ver. Atenção é fundamental e um segundo pode fazer toda diferença. Uma foto ganha destaque ao mostrar aquilo que alguém não percebeu, algo que ficou escondido aos nossos olhares, algo que nos revele outra realidade.
Um detalhe muda tudo. Para exemplificar isso, cito uma experiência vivida por Pio Figueiroa. Ele fotografou uma campanha de Marta Suplicy onde as fotos divulgadas pela maioria da imprensa continham um ângulo mais fechado, o que proporcionava a idéia de que Marta estava rodeada por pessoas. No entanto, a foto tirada por Pio Figueroa, em um plano mais aberto, indicava que na realidade não havia tamanha multidão!
OUSADIA. Enquanto todos os fotógrafos estavam registrando o mesmo padrão, Pio consegue a sua fotografia diferenciada!
Para finalizar, cito algo, que talvez, seja a mais importante de todas as observações aqui escritas, um ponto comentado em sua palestra é a idéia de que para a fotografia é necessário usar a intuição e processos experimentais, mas sem ingenuidade. É necessário saber para onde se está indo. Para desconstruir é necessário saber construir. Não que seja impossível surgir obras interessantes do acaso, mas a possibilidade de erros é muito maior. Então se você curte o tema e quer se dedicar a este mercado. Corra atrás de conhecimento!
Fotografia é muito mais que um clique. Fotografia é poesia, é contar uma história, é retratar uma história. Os trabalhos do Cia de Foto começam pela pesquisa, discussões e então são retratadas. O coletivo que possui fotografias fantásticas, encantou muito mais com a história de suas produções. O ingrediente fundamental? Dedicação.
* Se você ainda não conhece os trabalhos do Cia de Fotos, passa lá:
http://ciadefoto.com.br/blog/